É incrível a capacidade que as pessoas têm
de “criar” histórias baseadas em “fofocas”, eu fico às vezes impressionado com
a criatividade e habilidade de distorção das informações, e o pior de tudo é
que quem conta, expressa as situações com detalhes que faz a pessoa que está
escutando até chorar.
Estava lembrando daquela minissérie “O Alto
da Compadecida”, onde um dos personagens (Chicó) conta um monte de histórias,
com detalhes dos mais impressionantes, porém, quando eram solicitadas
explicações por alguns fatos não fazerem muito sentido, ele respondia: “Isso aí
eu não sei, mas eu só sei que foi assim”.
Infelizmente muitas organizações estão
contaminadas com este vírus, fazendo com que a “rádio peão” divulgue situações
que não fazem sentido algum, não tem “pé nem cabeça”, mas para o funcionário
aquilo passa a ser verdade.
O boato é um vírus complicado de tratar,
pois tem algumas características muito difíceis de serem neutralizadas, as
principais são as seguintes:
1- É mutável: Dependendo da
situação a informação é passada de uma maneira, cada informante acrescenta ou
diminui o contexto conforme com os interesses ou de acordo com o tema que está
sendo discutido.
2- Difícil rastreabilidade: É impressionante,
mas ás vezes um boato surge e se prolifera durante os intervalos do café, geralmente
quando alguém quer puxar um assunto já começa assim: “Você já viu o que está
acontecendo na área tal...” e aí a coisa começa. O complicado depois é
identificar onde, como e quando começou, pois nunca ninguém falou nada do
assunto, simplesmente só ouviu falar. É complicadíssimo rastrear o início de um
boato.
3- Falsa realidade: Na maioria das
vezes o boato é disseminado misturado a alguns fatos reais, entretanto isto não
quer dizer que tudo que está sendo informado é verdade, situações como esta
fazem com que a informação seja absorvida com facilidade pela empresa,
inclusive já presenciei situações onde o gestor tomou decisões baseadas no
boato que ouviu num bate papo de corredor. Essa falsa realidade gera um
desgaste enorme para que a empresa consiga reverter os fatos, em alguns casos
tentar expor os fatos reais, faz parecer que a empresa está querendo omitir as
situações reais. Tem muita gente que usa a seguinte expressão: “Onde há fumaça,
há fogo”. Eu discordo, pois nem sempre o que parece é, seguindo esta analogia
metafórica, podemos estar enxergando uma fumaça branca, que na verdade está
sendo gerada por gelo seco.
Uma das principais conseqüências deste
vírus é diretamente percebida no Clima Organizacional, dependendo da proporção
e da relevância do boato, pode acontecer uma grande desmotivação na equipe,
impactando na maioria das vezes nos resultados da empresa e até mesmo a curto
prazo na perda de alguns profissionais.
As vacinas para este vírus em minha opinião
deve ser a mistura da “Transparência nas informações”, com um “Canal de
comunicação formal” e por fim a “Confiança” na gestão da empresa. Quando uma
organização conseguir juntar estas três vacinas, combinadas em um sistema de
gestão consolidado, onde os valores da empresa são disseminados e compartilhados
com todos os envolvidos da organização, será muito difícil o vírus se espalhar
e “infectar” as pessoas.
Fraternalmente.
Leandro José Soares